domingo, 13 de junho de 2010

Casos seus

"É esse seu ar arrogante, esse teu atrevimento mascarado!" - eu disse.

"Foi essa sua onipresença, essa tua gula de ser e estar em tudo. Foi essa tua pretensão de achar que pode nos transformar em um único pronome oblíquo. Foram todos aqueles ataques ciumentos, aquelas demonstrações de afeto exageradas. Foram aqueles passeios e aqueles piqueniques no parque!" - eu já não conseguia manter o equilíbrio, estava lutando para que não percebesse.

"FOI VOCÊ!" - gritei - "SEMPRE FOI VOCÊ!”- eu estava descontrolada - “ Foram você, teus amigos e teu sorriso mecanizado. Foram a simpatia, as viagens e as adorações. Foram as flores que você adorou e os textos que você leu. Foram as recepções agradecidas, as respostas iguais e as fotos alegres. Você entende que foi você o relógio? Que foi você o tempo? Que foi SEMPRE VOCÊ?"

Você não respondeu.
Nada estava lá. Nunca esteve.


"Foi a tua inexistência." - me rendi.

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