E empurrou a porta de sempre, no beco de tijolos vermelhos mal-encarado e sujo como sempre.
Sentou-se à mesa de sempre, pediu o de sempre, e olhou ao redor, a decadência de sempre.
Homens e mulheres solitários, sentados distantes um do outro, absorvidos em seus pensamentos. Vidas e mentes que apesar de não se conhecerem, entrelaçavam suas vidas naquele ponto, exatamente, quase toda a noite.
Talvez, fosse a única coisa que os unia. As luzes vermelhas o forçaram a apertar os olhos para observar os detalhes, o homem que limpava o balcão, o bêbado que contava piadas sem graça, as garrafas de bebidas fracas e fortes, santos remédios para dores emocionais.
A fumaça dos cigarros deixava o lugar ainda mais melancólico e opulento. "Mas não surgiu uma nova lei?" Ele pensou. Mas ali, não haviam leis, regras, obrigações. Ali, era seu refúgio, seu universo particular.
Problemas do mundo exterior não o atingiriam, por enquanto.
Com um doce sorriso nos lábios, tirou o cigarro do bolso e acendeu. A música vinda de uma voz melodiosa, uma "velha moça" no palco, cantando uma decepção amorosa, combinava perfeitamente com a ocasião.
Mundo irônico. Ele fugiu para seu mundo, pois ele mesmo havia levado seu mundo de manhã.
Ela havia dito: ou aquilo, ou eu.
Mas ele escolheu viver para sempre preso na sua rotina.
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