segunda-feira, 15 de março de 2010

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Se ao menos eu pudesse ouvir os avisos das flores que te cercam, se elas pudessem me avisar a tua chegada. Se como quando a chuva vem, elas tivessem me mostrado que chegara o momento, que ali estava minha felicidade. Se a paz que as colore pudesse nutrir também minha alma infantil. Se os pássaros cantassem mais alto, se jogassem em mim pedras para acordar minha inerte percepção.Ah, se eu soubesse. Se eu soubesse que tudo: as flores, os pássaros, os carros e as nuvens eram um prenuncio de ti, juro, não teria ignorado um só suspiro que fosse. Que vergonha! Deixei que o acaso tomasse conta de minha vida, deixei que te trouxesse sem que eu percebesse. Não vi as flores, não ouvi os pássaros, não cantei as canções e você se foi. Assim como a tua chegada não me atentei para a sua partida. Não ouvi teus passos, não vi a luz enfraquecer. Senti apenas. Senti o perfume de tua alma, senti a paz de tua aura e chorei o alívio do meu ser. Encontrei o sentido, perdi a razão, ganhei vida. Agora ouço as flores, vejo os pássaros, canto as canções. Não corro, não busco, espero. E até que venha o aviso das flores e o canto dos pássaros, guardo o pacote que não soube te entregar, guardo comigo a espera de tua volta, de minha chegada, de nossa existência. Está aqui, não se apresse, guardarei até que meus braços sejam longos o bastante para te alcançar. Não se apresse mas não demore pois não há alma que não chore enquanto espera para amar.

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