segunda-feira, 17 de maio de 2010

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Enquanto a Lua observa de lugar privilegiado, ensaiamos pequenos pedaços de melodrama que, facilmente se confundem com pantomimas a quem vê com olhos displicentes. Ensaiamos para nunca - é verdade - mas o gosto de viver o que se pode até onde puder é mais doce que qualquer mel açucarado que se possa comprar em vendas de Seus Manuéis ou Seus Joaquins. Convenhamos, meu caro, não há melhor gosto que o da vitória, falsas modéstias não podem impedir o real. Mas se deve atentar ao fato de que a vitória não está em ganhar - talvez aí se encaixe o "certo por linhas tortas"- mesmo a pior derrota pode trazer, em boa parte dos casos, o incomparável prazer de redescobrir tudo que se esconde atrás do sucesso. Porque não lhe posso esconder que, quando estás feliz tuas cortinas se fecham, para uns mais que para outros, mas se fecham sempre. É compreensível que nos esqueçamos de olhar em volta enquanto estamos cobertos por brilhante aura, então, quando se aproxima a derrota temos um pequeno espaço de tempo pra descansar de toda a alegria, abrir as cartas e pagar as contas atrasadas. E é aí, nesse exato ponto que encontras a vitória. É nos furos da parede que colocamos os pregos que seguram os quadros de reconhecimento. Portanto, não se esqueça de aproveitar a derrota, ela passa rápido e é grudada na vitória.

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