(Março/2010. Originalmente nasceu como letra de música, a melodia está perdida no meio das minhas cifras, um dia eu acho. As quatro primeiras linhas são de um poema do Gregório de Matos que eu espero que seja de domínio público, rs).
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.
E todo assiste inteiro inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.
Mas essa minha parte não é todo;
Já que o inteiro sem parte é incompleto.
Mas esse meu incompleto todo
Se dá por satisfeito como parte.
Esse pedaço só quer ser um todo
Pois todo o seu eu roubou minha parte.
Despedaçou e espalhou por toda parte.
O incompleto quis virar inteiro.
O meu inteiro, pedaço e parte
Saindo do seu pedaço completo
Transformou-se em saudade, despedaçado.
Já não quero mais ser uma fração incerta.
Meu todo ficou guardado, escondido.
Naquela parte que ninguém conhece.
O mundo inteiro pode perceber
Que o meu inteiro é a parte que perece.
O que eu seria agora sem você?
Um universo não pode ser desfeito.
Me sinto um pedaço incomestível
Nesse bolo de caos completo.
Completo, incerto, inteiro da parte.
Será que o amor morreu primeiro
Na minha, ou na sua parte?
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