Esse é o momento de colocar a água pra ferver.
Em um dia de semana normal, numa atividade rotineira que é a de andar de metrô em uma grande metrópole. Andar em direção ao trabalho, ao estudo, com sorte ao ócio. Assim como milhões de indivíduos, que repetem milhões de vezes os mesmos hábitos. E na mesma hora de sempre, só mais um indivíduo, você, está em um vagão comum. Até que a vida, que sempre me pega de surprise, resolve te pregar uma peça também.
Em mais um dia qualquer do calendário, você, uma pessoa qualquer, cruza o olhar com outra indiferença humana. E tudo faz completamente sentido. Todas as generalizações tornam-se particularidades: era aquele dia, naquela hora, naquele trajeto.
Por instantes, o desconhecido (a) mantém o olhar nos seus também; é um mergulho recíproco. Como se toda a sua existência só tivesse se sustentado para aquele momento. Mesmo sem saber qualquer coisa sobre o outro ser, a sua mente já traça mil perfis possíveis para ele. E mil histórias de como seria se um dos lados tivesse a coragem de se comunicar.
Não é preciso mais nada além desse contato para que se saiba que aquele perfil encaixa perfeitamente com o seu. Nada foi, nada é por acaso.
Agora, começou a cozinhar.
Surgiu a dúvida que torce o estômago: ir ou não até lá? Transformar os devaneios em realidade ou não? Descobrir a verdade e decepcionar-se ou não? Um casal de enamorados tão bonitos, que se amam de longe, sem saber de nada, sem preconceitos e tragédias. Tarde demais. É a sua estação. Um suspiro e você desce, sem muita dor na consciência e sem olhar pra trás.
Vai subindo as escadas enquanto saboreia esse tempero de romance-instantâneo.
Bom apetite.
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